sábado, 11 de agosto de 2012

PARTE 3ª CAPÍTULO VI DA LEI DE DESTRUIÇÃO

PARTE 3ª

CAPÍTULO VI
DA LEI DE DESTRUIÇÃO
1. Destruição necessária e destruição abusiva. - 2. Flagelos destruidores. - 3. Guerras. - 4.
Assassínio. - 5. Crueldade. - 6. Duelo. - 7. Pena de morte.

Destruição necessária e destruição abusiva
728. É lei da Natureza a destruição?
“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais
destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos
seres vivos.”
a) - O instinto de destruição teria sido dado aos seres vivos por desígnios
providencias?
“As criaturas são instrumentos de que Deus se serve para chegar aos fins que
objetiva. Para se alimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição esta
que obedece a um duplo fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornarse
excessiva, e utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição. Esse
invólucro é simples acessório e não a parte essencial do ser pensante. A parte essencial é o
princípio inteligente, que não se pode destruir e se elabora nas metamorfoses diversas por
que passa.”
729. Se a regeneração dos seres faz necessária a destruição, por que os cerca a
Natureza de meios de preservação e conservação?
“A fim de que a destruição não se dê antes de tempo. Toda destruição antecipada
obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso foi que Deus fez que cada ser
experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir.”
730. Uma vez que a morte nos faz passar a uma vida melhor, nos livra dos males
desta, sendo, pois, mais de desejar do que de temer, por que lhe tem o homem,
instintivamente, tal horror, que ela lhe é sempre motivo de apreensão?
“Já dissemos que o homem deve procurar prolongar a vida, para cumprir a sua
tarefa. Tal o motivo por que Deus lhe deu o instinto de conservação, instinto que o sustenta
nas provas. A não ser assim, ele muito freqüentemente se entregaria ao desânimo. A voz
íntima, que o induz a repelir a morte, lhe diz que ainda pode realizar alguma coisa pelo seu
progresso. A ameaça de um perigo constitui aviso, para que se aproveite da dilação que
Deus lhe concede. Mas, ingrato, o homem rende graças mais vezes à sua estrela do que ao
seu Criador.”
731. Por que, ao lado dos meios de conservação, colocou a Natureza os agentes de
destruição?
“É o remédio ao lado do mal. Já dissemos: para manter o equilíbrio e servir de
contrapeso.”
732. Será idêntica, em todos os mundos, a necessidade de destruição?
“Guarda proporções com o estado mais ou menos material dos mundos. Cessa,
quando o físico e o moral se acham mais depurados. Muito diversas são as condições de
existência nos mundos mais adiantados do que o vosso.”
733. Entre os homens da Terra existirá sempre a necessidade da destruição?
“Essa necessidade se enfraquece no homem, à medida que o Espírito sobrepuja a
matéria. Assim é que, como podeis observar, o horror à destruição cresce com o desenvolvimento intelectual e moral.”
734. Em seu estado atual, tem o homem direito ilimitado de destruição sobre os
animais?
“Tal direito se acha regulado pela necessidade, que ele tem, de prover ao seu
sustento e à sua segurança. O abuso jamais constitui direito.”
735. Que se deve pensar da destruição, quando ultrapassa os limites que as
necessidades e a segurança traçam? Da caça, por exemplo, quando não objetiva senão o
prazer de destruir sem utilidade?
“Predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que
excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só destroem
para satisfação de suas necessidades; enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio,
destrói sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi
concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos.”
736. Especial merecimento terão os povos que levam ao excesso o escrúpulo,
quanto à destruição dos animais?
“Esse excesso, no tocante a um sentimento louvável em si mesmo, se torna abusivo
e o seu merecimento fica neutralizado por abusos de muitas outras espécies. Entre tais
povos, há mais temor supersticioso do que verdadeira bondade.”

Flagelos destruidores
737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma
necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem
um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em
alguns anos o que teria exigido muitos séculos.” (744)
738. Para conseguir a melhora da Humanidade, não podia Deus empregar outros
meios que não os flagelos destruidores?
“Pode e os emprega todos os dias, pois que deu a cada um os meios de progredir
pelo conhecimento do bem e do mal. O homem, porém, não se aproveita desses meios.
Necessário, portanto, se torna que seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a
sua fraqueza.”
a) - Mas, nesses flagelos, tanto sucumbe o homem de bem como o perverso. Será
justo isso?
“Durante a vida, o homem tudo refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa
pensa depois da morte. Ora, conforme temos dito, a vida do corpo bem pouca coisa é. Um
século no vosso mundo não passa de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os
sofrimentos de alguns dias ou de alguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um
ensino que se vos dá e que vos servirá no futuro. Os Espíritos, que preexistem e sobrevivem
a tudo, formam o mundo real (85). Esses os filhos de Deus e o objeto de toda a Sua
solicitude. Os corpos são meros disfarces com que eles aparecem no mundo. Por ocasião
das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um
exército cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados, rotos,
ou perdidos. O general se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes
deles.”
b) - Mas, nem por isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.
“Se considerásseis a vida qual ela é e quão pouca coisa representa com relação ao
infinito, menos importância lhe daríeis. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla
compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.”
Venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de
morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que
maior número parte ao mesmo tempo.
Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e
abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que
passageiras tempestades no destino do mundo.
739. Têm os flagelos destruidores utilidade, do ponto de vista físico, não obstante
os males que ocasionam?
“Têm. Muitas vezes mudam as condições de uma região. Mas, o bem que deles
resulta só as gerações vindouras o experimentam.”
740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por poremno
a braços com as mais aflitivas necessidades?
“Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência,
de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo
de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o
não domina o egoísmo.”
741. Dado é ao homem conjurar os flagelos que o afligem?
“Em parte, é; não, porém, como geralmente o entendem. Muitos flagelos resultam
da imprevidência do homem. À medida que adquire conhecimentos e experiência, ele os vai
podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe pesquisar as causas. Contudo, entre os males
que afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da
Providência e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe. A esses nada pode o homem opor, a não ser sua submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto, ele muitas vezes os agrava pela sua negligência.”
Na primeira linha dos flagelos destruidores, naturais e independentes do homem,
devem ser colocados a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais às produções da
terra. Não tem, porém, o homem encontrado na Ciência, nas obras de arte, no
aperfeiçoamento da agricultura, nos afolhamentos e nas irrigações, no estudo das condições
higiênicas, meios de impedir, ou, quando menos, de atenuar muitos desastres? Certas
regiões, outrora assoladas por terríveis flagelos, não estão hoje preservadas deles? Que não
fará, portanto, o homem pelo seu bem-estar material, quando souber aproveitar-se de todos
os recursos da sua inteligência e quando aos cuidados da sua conservação pessoal, souber
aliar o sentimento de verdadeira caridade para com os seus semelhantes? (707)

Guerras
742. Que é que impele o homem à guerra?
“Predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e transbordamento
das paixões. No estado de barbaria, os povos um só direito conhecem - o do mais forte. Por
isso é que, para tais povos, o de guerra é um estado normal. À medida que o homem
progride, menos freqüente se torna a guerra, porque ele lhe evita as causas, fazendo-a com
humanidade, quando a sente necessária.”
743. Da face da Terra, algum dia, a guerra desaparecerá?
“Sim, quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Nessa
época, todos os povos serão irmãos.”
744. Que objetivou a Providência, tornando necessária a guerra?
“A liberdade e o progresso.”
a) - Desde que a guerra deve ter por efeito produzir o advento da liberdade, como
pode freqüentemente ter por objetivo e resultado a escravização?
“Escravização temporária, para esmagar os povos, a fim de fazê-los progredir mais
depressa.”
745. Que se deve pensar daquele que suscita a guerra para proveito seu?
“Grande culpado é esse e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos
os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja
morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.”

Assassínio
746. É crime aos olhos de Deus o assassínio?
“Grande crime, pois que aquele que tira a vida ao seu semelhante corta o fio de uma
existência de expiação ou de missão. Aí é que está o mal.”
747. É sempre do mesmo grau a culpabilidade em todos os casos de assassínio?
“Já o temos dito: Deus é justo, julga mais pela intenção do que pelo fato.”
748. Em caso de legítima defesa, escusa Deus o assassínio?
“Só a necessidade o pode escusar. Mas, desde que o agredido possa preservar sua
vida, sem atentar contra a de seu agressor, deve fazê-lo.”
749. Tem o homem culpa dos assassínios que pratica durante a guerra?
“Não, quando constrangido pela força; mas é culpado das crueldades que cometa,
sendo-lhe também levado em conta o sentimento de humanidade com que proceda.”
750. Qual o mais condenável aos olhos de Deus, o parricídio ou o infanticídio?
“Ambos o são igualmente, porque todo crime é um crime.”
751. Como se explica que entre alguns povos, já adiantados sob o ponto de vista
intelectual, o infanticídio seja um costume e esteja consagrado pela legislação?
“O desenvolvimento intelectual não implica a necessidade do bem. Um Espírito,
superior em inteligência, pode ser mau. Isso se dá com aquele que muito tem vivido sem se
melhorar: apenas sabe.”

Crueldade
752. Poder-se-á ligar o sentimento de crueldade ao instinto de destruição?
“É o instinto de destruição no que tem de pior, porquanto, se, algumas vezes, a
destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta
sempre de uma natureza má.”
753. Por que razão a crueldade forma o caráter predominante dos povos
primitivos?
“Nos povos primitivos, como lhes chamas, a matéria prepondera sobre o Espírito.
Eles se entregam aos instintos do bruto e, como não experimentam outras necessidades
além das da vida do corpo, só da conservação pessoal cogitam e é o que os torna, em geral,
cruéis. Demais, os povos de imperfeito desenvolvimento se conservam sob o império de
Espíritos também imperfeitos, que lhes são simpáticos, até que povos mais adiantados
venham destruir ou enfraquecer essa influência.”
754. A crueldade não derivará da carência de senso moral?
“Dize - da falta de desenvolvimento do senso moral; não digas da carência,
porquanto o senso moral existe, como princípio, em todos os homens. É esse senso moral
que dos seres cruéis fará mais tarde seres bons e humanos. Ele, pois, existe no selvagem, mas como o princípio do perfume no gérmen da flor que ainda não desabrochou.”
Em estado rudimentar ou latente, todas as faculdades existem no homem.
Desenvolvem-se, conforme lhes sejam mais ou menos favoráveis as circunstâncias. O
desenvolvimento excessivo de uma detém ou neutraliza o das outras. A sobreexcitação dos
instintos materiais abafa, por assim dizer, o senso moral, como o desenvolvimento do senso
moral enfraquece pouco a pouco as faculdades puramente animais.
755. Como pode dar-se que, no seio da mais adiantada civilização, se encontrem
seres às vezes cruéis quanto os selvagens?
“Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram
verdadeiros abortos. São, se quiseres, selvagens que da civilização só têm o exterior, lobos
extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem
encarnar entre homens adiantados, na esperança de também se adiantarem, Mas, desde que
a prova é por demais pesada, predomina a natureza primitiva.”
756. A sociedade dos homens de bem se verá algum dia expurgada dos seres
malfazejos?
“A Humanidade progride. Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que
se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente, como o mau grão
se separa do bom, quando este é joeirado. Mas, desaparecerão para renascer sob outros
invólucros. Como então terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e o mal.
Tens disso um exemplo nas plantas e nos animais que o homem há conseguido aperfeiçoar,
desenvolvendo neles qualidades novas. Pois bem, só ao cabo de muitas gerações o
desenvolvimento se torna completo. É a imagem das diversas existências do homem.”

Duelo
757. Pode-se considerar o duelo como um caso de legítima defesa?
“Não; é um assassínio e um costume absurdo, digno dos bárbaros. Com uma
civilização mais adiantada e mais moral, o homem compreenderá que o duelo é tão ridículo
quanto os combates que outrora se consideravam como o juízo de Deus.”
758. Poder-se-á considerar o duelo como um assassínio por parte daquele que,
conhecendo a sua própria fraqueza, tem a quase certeza de que sucumbirá?
“É um suicídio.”
a) - E quando as probabilidades são as mesmas para ambos os duelistas, haverá
assassínio ou suicídio?
“Um e outro.”
Em todos os casos, mesmo quando as probabilidades são idênticas para ambos os
combatentes, o duelista incorre em culpa, primeiro, porque atenta friamente e de propósito
deliberado contra a vida de seu semelhante; depois, porque expõe inutilmente a sua própria
vida, sem proveito para ninguém.”
759. Que valor tem o que se chama ponto de honra, em matéria de duelo?
“Orgulho e vaidade: dupla chaga da Humanidade.”
a) - Mas, não há casos em que a honra se acha verdadeiramente empenhada e em
que uma recusa fora covardia?
“Isso depende dos usos e costumes. Cada país e cada século tem a esse respeito um
modo de ver diferente. Quando os homens forem melhores e estiverem mais adiantados em
moral, compreenderão que o verdadeiro ponto de honra está acima das paixões terrenas e
que não é matando, nem se deixando matar, que repararão agravos.”
Há mais grandeza e verdadeira honra em confessar-se culpado o homem, se cometeu
falta, ou em perdoar, se de seu lado esteja a razão, e, qualquer que seja o caso, em desprezar
os insultos, que o não podem atingir.

Pena de morte
760. Desaparecerá algum dia, da legislação humana, a pena de morte?
“Incontestavelmente desaparecerá e a sua supressão assinalará um progresso da
Humanidade. Quando os homens estiverem mais esclarecidos, a pena de morte será
completamente abolida na Terra. Não mais precisarão os homens de ser julgados pelos
homens. Refiro-me a uma época ainda muito distante de vós.”
Sem dúvida, o progresso social ainda muito deixa a desejar. Mas, seria injusto para
com a sociedade moderna quem não visse um progresso nas restrições postas à pena de
morte, no seio dos povos mais adiantados, e à natureza dos crimes a que a sua aplicação se
acha limitada. Se compararmos as garantias de que, entre esses mesmos povos, a justiça
procura cercar o acusado, a humanidade de que usa para com ele, mesmo quando o
reconhece culpado, com o que se praticava em tempos que ainda não vão muito longe, não
poderemos negar o avanço do gênero humano na senda do progresso.
761. A lei de conservação dá ao homem o direito de preservar sua vida. Não usará
ele desse direito, quando elimina da sociedade um membro perigoso?
“Há outros meios de ele se preservar do perigo, que não matando. Demais, é preciso
abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento.”
762. A pena de morte, que pode vir a ser banida das sociedades civilizadas, não
terá sido de necessidade em épocas menos adiantadas?
“Necessidade não é o termo. O homem julga necessária uma coisa, sempre que não
descobre outra melhor. À proporção que se instrui, vai compreendendo melhormente o que
é justo e o que é injusto e repudia os excessos cometidos, nos tempos de ignorância, em
nome da justiça.”
763. Será um indício de progresso da civilização a restrição dos casos em que se
aplica a pena de morte?
“Podes duvidar disso? Não se revolta o teu Espírito, quando lês a narrativa das
carnificinas humanas que outrora se faziam em nome da justiça e, não raro, em honra da
Divindade; das torturas que se infligiam ao condenado e até ao simples acusado, para lhe
arrancar, pela agudeza do sofrimento, a confissão de um crime que muitas vezes não
cometera? Pois bem! Se houvesses vivido nessas épocas, terias achado tudo isso natural e
talvez mesmo, se foras juiz, fizesses outro tanto. Assim é que o que pareceu justo, numa
época, parece bárbaro em outra. Só as leis divinas são eternas; as humanas mudam com o
progresso e continuarão a mudar, até que tenham sido postas de acordo com aquelas.”
764. Disse Jesus: Quem matou com a espada, pela espada perecerá. Estas palavras
não consagram a pena de talião e, assim a morte dada ao assassino não constitui uma
aplicação dessa pena?
“Tomai cuidado! Muito vos tendes enganado a respeito dessas palavras, como
acerca de outras. A pena de talião é a justiça de Deus. É Deus quem a aplica. Todos vós
sofreis essa pena a cada instante, pois que sois punidos naquilo em que haveis pecado, nesta
existência ou em outra. Aquele que foi causa do sofrimento para seus semelhantes virá a
achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras
de Jesus. Mas, não vos disse ele também: Perdoai aos vossos inimigos? E não vos ensinou a
pedir a Deus que vos perdoe as ofensas como houverdes vós mesmos perdoado, isto é, na
mesma proporção em que houverdes perdoado, compreendei-o bem?”
765. Que se deve pensar da pena de morte imposta em nome de Deus?
“É tomar o homem o lugar de Deus na distribuição da justiça. Os que assim
procedem mostram quão longe estão de compreender Deus e que muito ainda têm que
expiar. A pena de morte é um crime, quando aplicada em nome de Deus, e os que a impõem
se sobrecarregam de outros tantos assassínios.”

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